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2020-04-28 - Gestão e planejamento agrícola

Importância da análise foliar

Importância da análise foliar

 

Uma simples folha pode ser o caminho para uma maior produtividade e lucratividade. E isso é possível graças à análise foliar que, de maneira resumida, tem o papel de verificar quais nutrientes estão em falta ou em excesso nas plantas, tendo como base padrões pré-estabelecidos.

A análise foliar não é uma técnica nova, sua origem remonta às décadas de 30 e 40 do século passado. No entanto, faltava aliar teoria à pratica, e isso tem ganhado maior visibilidade nos últimos anos. Em culturas anuais como soja, milho e trigo, era preciso aguardar até o florescimento para fazer a amostragem – pois é a fase em que a maioria dos níveis de referência foi calibrada – e, por conta disso, o resultado acabava chegando tarde demais, tornando a análise um tanto quanto sem sentido.

Porém, tal cenário felizmente ficou no passado. Com o uso do DRIS (Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação) - aliado à criação de bancos de dados robustos - foi possível o estabelecimento de referências muito menos dependentes da idade da planta e mais focadas no balanço dos nutrientes dentro dela, com a finalidade de se detectar desequilíbrios que drenam a produtividade. Assim, não mais se necessita esperar o florescimento para saber como está o estado nutricional de uma lavoura. Os índices DRIS indicam o estado de equilíbrio ou desequilíbrio de cada nutriente, possibilitando identificar uma ordem de limitação e excesso em praticamente qualquer idade ou estádio fenológico.

 

Por que fazer a análise foliar?

A análise química de solo é uma caracterização do ambiente de crescimento das raízes. São utilizados extratores químicos que, em grande parte, procuram imitar a capacidade de absorção das plantas, para que se possa estimar quanto de cada nutriente estaria disponível a elas. Sabidamente esse trabalho dos extratores não é perfeito e, portanto, essas quantificações são meras aproximações, com maior ou menor precisão dependendo do extrator e do método de interpretação utilizados.

A análise foliar, em contrapartida, é a própria planta dizendo quanto de cada coisa ela foi capaz de absorver até aquele momento. Se os extratores da análise química de solo tentam imitar as raízes, então não haveria extrator melhor do que as próprias raízes para nos relevar o que está acontecendo. E é exatamente isso que a análise foliar faz.

No desenvolvimento de uma planta, há o que chamamos de nutrientes essenciais. Basicamente eles se dividem no grupo dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn). Sim, existem outros, como Mo, Co, Ni etc., entretanto os citados anteriormente são o mínimo que uma análise foliar deve contemplar. É importante entender que não se pode compensar um nutriente com outro. Existem fundamentalmente 3 critérios de essencialidade e, portanto, se um nutriente é considerado essencial, é porque atende a esses critérios. São eles:

1 - Estar envolvido diretamente no metabolismo da planta;

2 - Possuir função específica, não sendo, portanto, substituível; e

3 - Na sua ausência, a planta não completar seu ciclo.

É também igualmente importante entender que os nutrientes interagem de inúmeras maneiras, tanto no solo como dentro da planta. Desta forma, o excesso de um causa a falta de outro, e vice-versa. Então a regra básica para o sucesso em nutrição é o EQUILÍBRIO.

O Prof.º Dr. José Carlos Vieira de Almeida, sócio-proprietário da Laborsolo, lembra-nos que é importante realizar a análise foliar em momentos estratégicos. Para culturas anuais, a primeira análise é recomendável ser feita a partir da expansão da quarta folha verdadeira, para checar o balanço e poder fazer um diagnóstico precoce de qualquer disfunção nutricional que esteja ocultamente presente. Uma segunda análise pode ser feita após cerca de 10 dias após a aplicação de um fertilizante (em cobertura ou foliar) que por ventura tenha sido feita em razão do desequilíbrio identificado na primeira análise. E uma terceira seria recomendável para a metade do ciclo (após o estabelecimento das estruturas reprodutivas e antes do início de enchimento de grãos), para checar se a planta está entrando na fase reprodutiva sem problema nutricional. Já em plantas perenes ou semiperenes, a coisa é um pouco mais flexível. Via de regra recomenda-se fazer análises mensais ou bimestrais, a partir do início da primavera até meados do outono, que é o período de maior desenvolvimento e demanda nutricional, e ir fazendo as intervenções (adubações de cobertura e suplementações foliares) à medida que as plantas forem apresentando os desequilíbrios – sem excessos, sem desperdício e sem deixar ninguém para trás.

É importante ressaltar que a análise foliar não substitui a análise química de solo, por diversas razões. Uma delas é que, sem a análise de solo, a tomada de decisão com base apenas na análise foliar pode ficar prejudicada. É possível fazer intervenções pontuais, com adubações de cobertura ou suplementações foliares, conforme os nutrientes que estiverem em desequilíbrio, como já dissemos nos parágrafos anteriores. Porém, construir um solo saudável para que o equilíbrio seja a regra, e não a exceção, e para que a lavoura seja capaz de aguentar as adversidades do ambiente, fica fora de alcance apenas com a análise foliar. Portanto, análise de solo e análise foliar são absolutamente complementares e formam uma dupla de muito sucesso.

Você pode agora se perguntar: ‘É caro uma análise foliar?’. Olha, análise foliar tem sim um custo, mas é garantido que esse custo não atinge percentuais sequer relevantes dentro do custo de produção de uma lavoura e, principalmente, diante do benefício que pode trazer. Ela traz independência, assertividade, tranquilidade, economia e lucratividade ao produtor. É uma ferramenta indispensável para uma agricultura de alta performance.