2014-04-10 - Corneta do Agro, Mercado Agrícola, Análise química de solo
Robôs e drones chegam ao campo: será que estaria aí a solução?
Notícia do jornal "O Estado de São Paulo" diz que robôs e drones estão chegando ao campo, que no interior de SP, pesquisadores da Embrapa Instrumentação e da USP e São Carlos estão buscando levar para o campo a mesma tecnologia utilizada pela NASA com o robô Curiosity, onde o robô faria a análise química de qualquer amostro de solo ou cultura como a Curiosity analisa as rochas marcianas.
Foi desenvolvido um protótipo que está sendo testado em laboratório e estão buscando desenvolver um novo, maior, que possa ir a campo, para ser apresentado em novembro.
A reportagem também comenta sobre os drones, veículos aéreos não tripulados, controlados remotamente, que sobrevoam as lavouras brasileiras registrando imagens.
Segundo os pesquisadores da Esalq-USP e Embrapa o problema estaria nos softwares que ainda não são aprimorados para interpretarem as imagens e transformá-las em informações aplicáveis.
Fonte: O Estado de São Paulo
Nosso comentário:São muito interessantes as tecnologias que vem sendo propostas para a agricultura. Aliás, quando se trata de agricultura todos tem uma novidade na manga.
Assim como a agricultura de precisão se tornou carne de vaca nos últimos tempos, com centenas de empresas prestando tal serviço pelo país afora, fazendo milhares de mapinhas de nutrientes sem nenhum fundamento científico. Porque fazer “mapinhas” não resolve o problema dos nutrientes, o problema não é o mapa, o problema é como interpretar o mapa que, digam-se de passagem, poucas pessoas tem condições para tanto. Fazem amostragens e mais amostragens e para baratear o serviço enviam para o pior laboratório do mercado por preços camaradas. Qualquer coisa que venha esta de bom tamanho pois o negócio é o mapa. As aplicações em taxa variável deixam a desejar, tanto pelo método de interpolação quanto pela aplicação dos produtos que, na maioria das vezes, é feito às pressas pelos prestadores de serviço.
Quando este expediente não mais dá resultados, para se ganhar dinheiro, aumentam o tamanho dos grids. A precisão que se dane. Para ir além, de posse dos mapas na hora da recomendação apelam para os boletins de adubação do IAC, da Embrapa, ROLAS e por aí afora. Boletins genéricos que não produzem qualquer precisão. Mas como o produtor, no alto de sua ignorância agronômica, adora estas novidades, passam a valer como o suprassumo da tecnologia.
Agora chegou a vez dos DRONES. O assunto da vez são os DRONES. Servem para fazer fotos aéreas, procurar manchas nas lavouras, achar focos de doenças e pragas e muitas outras aplicações.
A novidade sempre atrai os incautos. De que adianta drones se não se sabe o que procurar. Se for detectada uma mancha na lavoura, o que se deve fazer? Penso que é um diagnóstico. Resta saber se o usuário sabe fazer o diagnóstico.
Os agricultores não fazem nem calagem. Se as calagens fossem feitas de acordo com as recomendações das boas práticas agronômicas, se resolveria 90% dos problemas da agricultura brasileira, naturalmente aumentaríamos nossas produtividades, que todos sabemos se encontra sob solos ácidos. Nem calagem se faz direito, mas agora a moda são os drones. Voa pra lá, voa pra cá e se procura o quê?
Não contentes com os drones voadores agora vêm a Embrapa, que ainda também não resolveu o problema das calagens, pois bastam ver alguns trabalhos publicados pela instituição, seus pesquisadores ainda estão buscando soluções e passa ano e entra ano a coisa não anda, e quer colocar agora uma tecnologia marciana.
Este tipo de tecnologia é muito interessante para massagear o ego dos pesquisadores porque segundo a própria pesquisadora da Embrapa o robô será de grande valia aos agricultores por permitir um mapeamento preciso da lavoura, já que hoje a aplicação de insumos é determinada pela média das amostras, numa análise de solo muito espaçada. "A otimização de insumos terá impacto tanto financeiro como ambiental, reduzindo aplicações desnecessárias."
Será que esta afirmação é verdade? Sabe-se que uma ínfima parcela dos agricultores fazem análise de solos pelo método convencional. Não chega a 10 % e ainda quando fazem é apenas para atender as exigências do Banco do Brasil para o financiamento de custeio. A aplicação de fertilizantes é aleatória e depende mais do empenho do vendedor do que da análise do solo. Se pelo menos parte dos agricultores utilizasse as ferramentas convencionais hoje disponíveis, já daríamos um grande salto. Não precisaríamos de drones.
Para a pesquisadora, ainda é cedo para afirmar quando a tecnologia chegará ao mercado, pois mesmo onde já há projetos similares, nos Estados Unidos e em alguns países europeus, eles ainda estão em fase de experimentação. Creio que ficaremos ainda muito tempo na experimentação.
Se o uso dos drones ainda é um pouco utópico, imagine o robô marciano rodando por aí fazendo milhares de determinações ponto a ponto.
Antes das utopias da academia, vamos fazer as calagens.