2017-07-06 - Análise química de solo, Análise de corretivos
Mais diagnóstico, menos boletins de recomendação.
Continuando o assunto do último artigo, sobre as doses de aplicação de calcário em solos do Cerrado, onde o Dr. Anderson Lange apontou a necessidade de aplicação de altas doses na região, quando comparado com os boletins de recomendação (você pode ler clicando aqui).
Conversamos com agrônomos da região e a preocupação com relação a esses 'boletins de recomendação' é enorme.
"Vejo que os produtores daqui do Mato Grosso agem de forma muito empírica, se os boletins e os vizinhos estão aplicando 2 toneladas por hectare eles também aplicam, poucos fazem análise de solo" avalia o Eng. Agrônomo da De Sá Planejamento Agropecuário Jaime Dahlem.
O Eng. Agrônomo Cleber Tutida, da Shōjiki Coaching em Agricultura e Pecuária, também demonstra preocupação similar, "poucos produtores fazem o diagnóstico da fertilidade do solo, e quando fazem análise de solo não se preocupam em avaliar as diferenças entre camadas superficiais e em outras profundidades".
Dahlem conta que nos seus clientes que já estão utilizando a A2P (Agricultura de Alta Performance) a variação das necessidades de calagens são enormes. "O diagnóstico da fertilidade do solo é fundamental por aqui (MT), porque a forma de manejo varia muito de área para área. Como os produtores atuavam muito de forma intuitiva, sem um manejo ou monitoramento estabelecido, você encontra áreas que requerem aplicações de 2 toneladas, enquanto outras, às vezes na mesma propriedade requerem 8 ou 9 toneladas."
"Errava-se muito na calagem, sempre ficava uma calagem deficiente, com doses menores do que a necessária e focava-se mais na adubação de cobertura NPK, deixando a calagem em segundo plano." Jaime Dahlem
Tutida destaca também a dificuldade ou desconhecimento na hora de escolher o produto correto. "Poucos avaliam o tipo de calcário a ser comprado, se a necessidade é de calcítico ou dolomítico, e menos ainda solicitam análises dos fornecedores com as garantias mínimas ou enviam o corretivo para avaliação num laboratório como a Laborsolo, para ter certeza do que está sendo aplicado."
Dahlem reforça a questão cultural da região, "as pessoas são acostumadas a utilizar o dolomítico, um pouco por conta da disponibilidade, outro por conta da falta de informação e esclarecimento sobre os tipos de calcário."
Cleber lembra o caso de um cliente da Shōjiki que arrendou uma área para o cultivo de soja na região de Naviraí (MS). O histórico da área, cultivada sob sistema de plantio direto na palha, era de produtividades abaixo de 50 sc/ha. Com o diagnóstico da fertilidade e a correção do solo em profundidade 0-40cm foi possível obter uma média de 64 sc/ha já no primeiro ano. "Uma das variedades de soja, plantada em um dos talhões, atingiu 82,64 sc/ha."