2016-09-06 - Eventos, Mercado Agrícola
Produtividade da soja: 50 sc/ha só nas apresentações
Durante o 2º Fórum Soja Brasil realizado em Esteio (RS) o pesquisador José Dernadin desmistificou, durante sua palestra "Manejo de solo para a alta produtividade", que a produtividade média da soja brasileira seja de 50 sacas por hectare, tão comentada e apresentada por empresas, especialistas e até seguradoras.
Ele trouxe dados dos levantamentos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) que demonstram que a produtividade atual da oleaginosa é a mesma de 15 anos atrás, ou seja, 46 sacas por hectare.
Os números apontam que não se trata nem de 'estados menos evoluídos na produção de soja', já que no Rio Grande do Sul a produtividade média desde 2001 até 2016 fica na casa das 35 sacas. Em Santa Catarina ela chega a 44, no Paraná 47 e no Mato Grosso a média é de 50 sacas.
Segundo o pesquisador, a falta do manejo adequado do solo tem limitado a produtividade e entre os principais problemas que contribuíram para esta estagnação é a baixa diversificação de culturas, no sistema plantio direto. “Sem essa diversificação o sistema plantio direto não se manifesta como deveria”, conta Dernadin.
Além disso, o mau uso do sistema plantio direto também tem trazido problemas as lavouras. “O solo fica dividido em duas partes, a superficial com nutrientes e materiais orgânicos e o subsuperficial compactado e que não retém e nem disponibiliza água para a planta.”
Uma saída para evitar isso, garante o pesquisador é seguir os passos dos sojicultores americanos que a cada cinco anos, abandonam o plantio direto e aplicam o plantio convencional para tentar desfazer essa compactação e tentar homogeneizar a fertilidade química no perfil desse solo. “Nosso solo agrícola que era para ter pelo menos 20 centímetros de profundidade, tem no máximo cinco centímetros na média, então qualquer 10 dias sem chuvas a safra fica muito comprometida”, afirma o pesquisador.
Por fim, Denardin comentou que as tecnologias são desenvolvidas, disponibilizadas mas usadas da maneira inadequada, por isso os resultados não aparecem e a produtividade fica estagnada.
Vale lembrar que produtividades maiores são alcançadas nos desafios de produtividade em áreas que recebem maior atenção quanto a fertilidade do solo e a nutrição das plantas, constantemente monitoradas pela análise físico e química do solo e pela análise foliar.
Veja os dados apresentados: