2015-06-05 - Mercado Agrícola, Gestão e planejamento agrícola
Mercado analisa o Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016
A Aprosoja e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) avaliaram positivamente os valores disponibilizados pelo governo para o Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016. No entanto, especialistas e analistas de mercado fazem algumas ressalvas.
A primeira diz respeito aos valores anunciados para o seguro rural. No ano passado, o governo anunciou R$ 700 milhões para o programa, mas somente R$ 400 milhões estavam de fato liberados para o ano-safra, desta forma, os outros R$ 300 milhões ainda não foram pagos às seguradores e deverá ser quitado com os valores anunciados no dia 03/06/2015. Sendo assim, dos R$ 668 milhões anunciados, R$ 300 milhões irão ser utilizados para quitar os valores do ano passado e apenas R$ 338 milhões ficarão de fato disponíveis para este ano.
O segundo ponto diz respeito ao valores anunciados para financiamento. Para Miguel Daoud, da Global Financial Advisor, os R$ 30 bilhões de aumento no Plano Safra, de R$ 157 bilhões para R$ 187 bilhões, vêm dos créditos com juros livres, que passaram de R$ 27 bilhões para R$ 57 bilhões."Isso significa que o produtor terá que buscar este diferencial no mercado a juros bancários", afirmou Daoud.
Descontando-se esse aumento do valor de créditos com juros livres, o montante volta ao mesmo patamar de 2014/2015. Não podemos esquecer que neste período a inflação ultrapassou 8%, o que coloca o valor, na prática, para algo em torno de R$ 140 bilhões, segundo Daoud.
O terceiro ponto é o crescimento da área plantada no Brasil, que cresceu entre 2013 e 2014 0,3%, que também deixa de ser contemplada com os valores anunciados, descontando-se a inflação.
O último ponto analisado pelos especialistas do mercado diz respeito as taxas de juros. "A taxa média de juros que o produtor pagava na safra anterior era de 18%. Agora subiu para 30% porque é a taxa do mercado", disse Daoud, acrescentando que, em termos práticos, é como se o governo tivesse emprestado R$ 10 aos agricultores no ano passado e dissesse a eles que neste ano vai disponibilizar R$ 15, mas que os R$ 5 a mais eles terão que pegar no banco.
A questão das taxas de juros também preocupa a Aprosoja, já que além da inflação e das taxa de juros, há de se considerar ainda a variação cambial.