Labor news

2017-05-09 - Mercado Agrícola

Safra de Trigo 2017 apresenta cenário nebuloso

Triticultores paranaenses sofrem com preço mínimo e ICMS

Na mesma proporção que avança o plantio da safra 2017 de trigo no Paraná, maior produtor nacional, cresce a preocupação dos agricultores que apostam na cultura de inverno. Medidas recentes definidas pelos governos federal (redução de 3,6% nos preços mínimos) e estadual (elevação do ICMS sobre o trigo comercializado em SP, RJ e MG de 2 para 8%) e o crescimento significativo das importações do trigo argentino criaram condições de mercado desfavoráveis para quem semeia o cereal do pão na safrinha. Prova disso está na redução de 8% na área dedicada ao trigo no Estado, conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os triticultores paranaenses irão dedicar apenas 990 mil hectares na atual temporada, quarta queda estadual consecutiva.

O desânimo dos triticultores paranaenses abriu espaço para o avanço do milho, apesar de a cotação do grão também registrar queda nos últimos meses. A área prevista para o milho safrinha é de 2,4 milhões de hectares, crescimento de 8% em relação à safra anterior. Segundo o presidente do Sinditrigo/PR, essa mudança de comportamento por parte do produtor causa apreensão. O motivo é a possibilidade da queda na qualidade do trigo produzido no Estado. “O milho avança em áreas nobres para o trigo. Os moinhos [são 66 espalhados pelo Estado] produzem produtos especializados. E o trigo paranaense encaixa com essas linhas especiais de panificação. Essas áreas onde o milho passou a atuar são, historicamente, estratégicas para ter um trigo de alta qualidade”, adverte Kümmel.

Triticultores Gaúchos diminuem área após baixo retorno

Não é só no Paraná que o cenário ficou nebuloso, no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor também. Mesmo com uma safra histórica em termos de volume e qualidade em 2016 o setor não teve o retorno esperado, pois não houve valorização do produto, mesmo com o governo realizando leilões do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) que, segundo o setor, chegou tarde de mais.

A perspectiva é de que o estado plante 600 mil hectares, uma redução de 150 mil hectares comparados com a safra anterior. Os produtores que vão apostar no trigo no Rio Grande do Sul estão animados por conta da tecnologia, que aumentou a produtividade no estado, com áreas que alcançaram 90 sacas por hectare em 2016, o que segundo eles faz compensar o plantio.