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2019-02-25 - Mercado Agrícola

Você conhece o mais longo (e antigo) experimento agrícola do mundo? Conheça o Experimento de Broadbalk

Matéria publicada esta semana pela Exame trouxe à grande mídia o experimento mais longo, antigo e ininterrupto da Agronomia: o Experimento Broadbalk. Você já ouviu falar dele?

O experimento foi iniciado em 1843 por John Lawes e Joseph Gilbert, o empreendedor e o cientista que fundaram a Rothamsted Research. A ideia da dupla era avaliar como diferentes tipos de fertilizantes, orgânicos ou não, afetavam o desenvolvimento de uma variedade de trigo, a de inverno, no decorrer dos anos. Estabeleceram, então, que plantariam novas levas a cada outono para poder ter mais o que estudar — e também deixariam um pedaço de terra sem adubagem para efeito de comparação. E assim é feito desde então.

No decorrer dos anos, os testes revelaram, por exemplo, que plantações sem fertilizantes de fato têm os piores resultados. Mais do que isso, também mostraram que o adubo não-orgânico, apesar do efeito positivo no começo, danifica o solo, enquanto o orgânico, como o esterco de vaca, só o deixa mais rico em carbono, o que traz benefícios no longo prazo.

“As primeiras dúvidas dos pesquisadores foram resolvidas logo nas primeiras décadas do experimento”, explica Ian Shield, agrônomo que lidera as pesquisas de campo em Rothamsted. Mas os testes originais continuaram por seu valor demonstrativo e científico, embora ocupando apenas uma parte do vasto espaço do campo de Broadbalk. Pelo restante do campo, novas hipóteses começaram a ser levantadas e testadas.

O espaço de seis hectares, antes dividido em poucas faixas e monopolizado pelo trigo, hoje tem áreas em que ocorre a rotação de culturas. Pesquisadores plantam nelas aveia, milho e outros grãos, além da gramínea original, em diferentes intervalos para entender o efeito dessa rotatividade no desenvolvimento das plantas. Também passaram a avaliar a reação das plantações à aplicação (ou não) de fungicidas a partir da década de 70, expandindo as pesquisas que ficavam limitadas aos herbicidas. “E disso tudo ainda surgem os experimentos derivados: qual deve ser o efeito de se aplicar fungicida em um pedaço de terra que não recebe esse tipo de substância há décadas? Quantas pessoas têm um pedaço de terra assim? Ninguém teria previsto a utilidade disso no começo do experimento”, diz Shield.

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O sucesso contínuo de Broadbalk já motivou a Rothamsted a tentar um novo teste de longo prazo, desta vez em outro espaço e com outro objetivo. A ideia agora é avaliar a inclusão de uma variedade maior de culturas em um sistema de agricultura de rotação. Shield tem em mente o pasto, mas não só: o agrônomo também quer ver o efeito da introdução do gado no revezamento. “Quero juntar os dois, plantações e pecuária, de novo, para tornar as fazendas mais diversificadas e melhorar o uso da terra. Os animais devem ajudar a enriquecer o solo, danificado pelo cultivos das mesmas culturas”, espera o especialista. Mas claro, é impossível saber se o experimento realmente será de longo prazo como Broadbalk. Essa é só a expectativa.

A Rothamsted Institute possui um site bem completo de todo o projeto (clique aqui para acessar) onde é possível observar como está atualmente a divisão e manejo da área (clique aqui para download do pdf), e também disponibiliza uma área de acesso livre a dados do experimento. Vale muito a pena dar uma olhada!

O Instituto possui um canal no Youtube com vários vídeos de pesquisadores e experimentos (clique aqui para acessar). No vídeo abaixo o Dr. Andy MacDonald explica (em inglês) o experimento, trazendo fotos de registros antigos do projeto.

https://www.youtube.com/watch?v=BH3Wc3U-oys