2014-02-04 - Corneta do Agro
Agora é a vez da Ferrugem Asiática: MIPD só na teoria mesmo!
No meio de janeiro já comentamos aqui sobre a chegada da Falsa-medideira e o uso indiscriminado de agrotóxico para o controle da Helicoverpa armigera (clique aqui para ler).
Funcionários da Emater do RS chegaram a declarar que os produtores rurais, preocupados com o que poderia acontecer, chegaram a realizar 3 aplicações de agrotóxicos, quando 2 teriam sido suficientes. Situação similar ao que aconteceu no Mato Grosso, Goiás e outros estados produtores.
Vimos que, já no começo de janeiro, o alerta se virou para a Falsa-medideira, que surgiu com força em algumas regiões do centro-oeste, numa comprovação do desequilíbrio ecológico resultante do “excesso de zelo” dos produtores com a Helicoverpa armigera, que eliminou predadores naturais da Falsa-medideira e permitiu o seu desenvolvimento.
Uma reportagem em vídeo do canal RuralBr, mostra um pouco do que comentamos anteriormente, já que o agricultor lembra que não tinha problemas nas safras anteriores para controlar a Falsa-medideira. (veja o vídeo clicando aqui).
Ora! É claro que não tinha! Havia provavelmente inimigos naturais, predadores e parasitas que não eram eliminados com o excesso de inseticidas que vem se utilizando indiscriminadamente, além do mais os insetos que restaram no campo são aqueles que ‘evoluiram’, se ‘adaptaram’ a nova condição e são agora mais resistentes aos inseticidas utilizados na tentativa de seu controle.
E agora, neste ‘final’ de safra 13/14, surge novamente a Ferrugem asiática, resultado combinado de chuvas (normais para a época) em algumas regiões, falta de monitoramento e de controle e uso exagerado de agrotóxicos.
Poucos são os produtores que se preocupam com o Manejo Integrado de Pragas e Doenças e monitoram os nematoides, as pragas e mesmo a presença de esporos de fungos, fazem aplicações planejadas de defensivos e monitoram as condições climáticas. Há bons exemplos no mercado! Produtores que controlaram a Helicoverpa com nematoides no Paraná, produtores que reduziram em 50% a aplicação de fungicidas com o monitoramento do clima e a presença de esporos nas lavouras, mas infelizmente ainda são exceções. A maioria opta pelo mais fácil que é aplicar por tabela. Chegou o dia aplica-se e dane-se o monitoramento. O produtor não quer correr o risco. Que risco?
Agora muitos profissionais da área técnica começam a alardear a necessidade de se respeitar os vazios sanitários, de melhorar o monitoramento, mas enquanto a colheitadora vem colhendo, a plantadora já está atrás, plantando novamente o milho safrinha (e em alguns lugares soja novamente!). Em mais alguns dias virão notícias novas da Helicoverpa, de pulgão e outros. Mas a safrinha tem que ser aproveitada! Ninguém pára para recuperar o solo que é o efetivo meio de produção. Nunca há tempo para cuidar do solo. Não há tempo para realizar o MIP. O importante é não perder tempo. Não se pode perder as chuvas! É ganhar mais! Mas a que custo?
Será que o agricultor terá a mesma preocupação para recompor a fertilidade dos solos depois da safra? Quando vai parar para fazer isso, se emenda uma safra na outra. Investirá como investiu em defensivos? Vamos aguardar para ver!