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2016-07-28 - Análise química de solo, Análise física do solo

Estudo da FAO revela que 30% dos solos do mundo estão degradados

Um amplo estudo realizado pela FAO/ONU durante o Ano Internacional dos Solos mostrou que um terço das terras do planeta estão degradadas. A pesquisa envolveu 600 pesquisadores de 60 países e contou com um levantamento de mais de 2 mil publicações científicas sobre o tema. As principais ameaças levantadas foram a erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica.

O Relatório (disponível apenas em inglês) traz uma perspectiva global sobre as condições atuais do solo, seu papel na prestação de serviços ecossistêmicos, como produção de água e sequestro de carbono, bem como sobre as ameaças à sua contribuição para a produção desses serviços.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Solos Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, membro do comitê editorial e coordenadora da publicação para a América Latina e Caribe, a perspectiva é de que a situação possa piorar se não houver ações concretas que envolvam indivíduos, setor privado, governos e organizações internacionais. "A principal conclusão do livro não é boa. A degradação dos solos no mundo é muito alta e pode trazer consequências desastrosas nas próximas décadas para milhões de pessoas nas áreas mais vulneráveis", revela a pesquisadora.

Perdas anuais de culturas causadas por erosão foram estimadas em 0,3% da produção. Se o problema continuar nesse ritmo, uma redução total de mais de 10% poderá acontecer até 2050. A erosão em solo agrícola e de pastagem intensiva varia entre cem a mil vezes a taxa de erosão natural e o custo anual de fertilizantes para substituir os nutrientes perdidos pela erosão chega a US $ 150 bilhões.

erosao vento

Outro problema que ameaça o solo é sua compactação, que pode reduzir em até 60% os rendimentos mundiais das culturas agrícolas. "No mundo, a compactação tem degradado uma área estimada de 680.000 km2 de solo, ou cerca de 4% da área total de terras", revela Maria de Lourdes, que também compõe o grupo de 27 especialistas do Painel Técnico Intergovernamental do Solo (ITPS) da Organização das Nações Unidas. O pisoteio dos rebanhos e a cobertura insuficiente do solo pela vegetação natural ou pelas culturas são responsáveis pela compactação de 280.000 km2 na África e Ásia, uma área maior do que o território da Nova Zelândia.

compactacao

Os danos causados pela compactação do solo são de longa duração ou mesmo permanentes. Uma compactação que aconteça hoje pode levar à redução da produtividade das culturas até 12 anos mais tarde.

No entanto, o maior obstáculo para melhorar a produção de alimentos e as funções do solo em muitas paisagens degradadas é a falta de nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo, bem como insumos orgânicos. Toda a África, à exceção de três países, retira mais nutrientes do solo a cada ano do que é devolvido por meio do uso de fertilizantes, resíduos da produção, estrume e outras matérias orgânicas.

Em outras áreas, a oferta excessiva de nutrientes contamina o solo e os recursos hídricos e contribui para as emissões de gases de efeito estufa. Em 2010, as emissões de óxido nitroso dos solos agrícolas provocadas pela adição de fertilizantes sintéticos foram equivalentes a 683 milhões de toneladas de CO2.

Ainda de acordo com o Relatório, cerca de 25% de todas as espécies vivas residem no solo. Um metro quadrado de solo contém bilhões de organismos e milhões de espécies. Fungos e bactérias, por exemplo, decompõem a matéria orgânica do solo, controlam a dinâmica do carbono orgânico e tornam os nutrientes disponíveis para as plantas.

A biodiversidade do solo é ameaçada pela intensificação do uso da terra e pelo uso de fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas. Calcula-se que 56% da biodiversidade do solo da União Europeia esteja sob algum tipo de ameaça.