2016-10-11 - Análise química de solo, Análise física do solo
Nossos solos estão doentes? Estão, e precisam de tratamento urgente!
O Portal Notícias Agrícolas realizou uma entrevista com o Engenheiro Agrônomo Afonso Peche, especialista em mecanização e gestão de solos do Centro de Engenharia e Automação do IAC (unidade de Jundiaí), ele afirmou que os solos brasileiros estão doentes, entupidos, pré-enfartados. Como organismos vivos que são, os solos cultivados estão sendo manejados erroneamente. As consequências são visíveis, como degradação, compactação e erosão e afetam diretamente a rentabilidade das propriedades. Essa perda da produtividade se reflete na média brasileira que não consegue ultrapassar 55 sacas (no caso da soja) e atinge cruelmente o produtor, que acaba alijado da atividade.
Peche lembra que há muito desperdício no campo, inclusive de tecnologia: "adianta ter o melhor fertilizante, a melhor semente, a melhor semeadora e semear sobre solos compactados?" questiona o pesquisador.
A tecnologia disponível em sementes, fertilizantes, agroquímicos e equipamentos deveriam permitir que a produtividade ultrapassasse facilmente as 100 sacas por hectare, mas o manejo do solo, um elemento vivo, que precisa de ar, de bactérias, de minhocas, acaba impedindo o desenvolvimento pleno da planta. As plantas precisam de um esforço muito maior para se desenvolver, para sobreviver ao estresse hídrico, reduzindo a sua produtividade.
O manejo do solo, a gestão do ambiente produtivo no Brasil ainda é muito ineficiente. Há tecnologia disponível para tornar qualquer tipo de solo em um ambiente adequado para produção, argiloso, arenoso ou misto, é preciso fazer o diagnóstico correto, avaliar o perfil do solo e fazer a devida correção e manejo.
Para Peche, o plantio direto ainda é a melhor das técnicas para o solo tropical, que precisa ser protegido de forma permanente, sendo essa produção verde ou seca. O problema é que esse plantio direto não pode ser feito em solos prejudicados. “Muitos produtores entraram no plantio direto por técnicas econômicas. Avançaram muito em conhecimento, mas, em gestão, muitos ainda não levam a sério a necessidade de se criar ambientes produtivos. Precisamos melhorar, ajustar e sanar os erros”, aponta.